quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vestido Mondrian, de Yves Saint Laurent

Quadro "Composição com Vermelho, Amarelo e Azul", de Piet Mondrian - 1921 e Vestido Mondrian, de Yves Saint Laurent - 1965


Descrição da imagem:

À esquerda, a imagem do quadro de Mondrian (já descrito no post anterior). À direita, a criação do Vestido de Saint Laurent, inspirada na referida obra, do artista holandês.
O vestido é feito em jersey (tecido antes usado para confecção de camisas pólo, e que ganhou fama nos anos 20, pelas mãos da estilista Coco Chanel, ao criar uma coleção inteira, com este material). A silhueta do vestido é a linha tubo, próxima ao corpo, sem mangas, decote careca e barra da saia na altura do joelho. A estampa, com a pintura da tela de Mondrian, foi aplicada na parte frontal do vestido, ampliada e concentrando-se na região do maior retângulo vermelho e localizada  entre o busto e o quadril.




O Vestido Mondrian é um marco no mundo da moda.  Esse vestido tubinho inspirado em um dos trabalhos do pintor holandês Piet Mondrian foi criado em 1965 por Yves Saint Laurent. Feito em Jersey, sua estampa de cores primárias foi inspirado no quadro "Composição com Vermelho, Amarelo e Azul", de Mondrian.

O sucesso foi absoluto e se tornou um dos vestidos mais famosos da história da moda e do mundo. A influência de linhas verticais e horizontais, as cores primárias de Mondrian se expandiu por todas as artes, foi muito importante na decoração, inspirou também todo tipo de suvenir. É importante lembrar que esse vestido marcou uma nova era... Onde as artes plásticas e seus pintores famosos passam a inspirar a moda e a moda passa a ser vista também com uma forma de arte.

O vestido, da coleção de 1965,  se tornou um ícone da Alta Costura dos anos 60 estreitando os laços entre a moda e a arte  moderna.
O vestido é, vez ou outra, reproduzido pela grife e levado pelo movimento que começa a se disseminar hoje colocando Mondrian de novo em alta. As linhas simplificadas, limpas e baseadas em geometrismos, focadas na funcionalidade e na harmonia dos planos, ao mesmo tempo, estão de volta à moda, seja nas roupas, na decoração ou no design de uma forma geral.

Composição com Vermelho, Amarelo e Azul, de Piet Mondrian

"Composição com Vermelho, Amarelo e Azul", de Piet Mondrian - 1921


Descrição da imagem:

Composição com Vermelho, Amarelo e Azul, é um  óleo sobre tela, que mede 59,5 x 59,5 centímetros e pertence ao Haags  Gemeentemuseum, que mantém o Museu Escher, localizado em Haia, na Holanda.
 Atela, um quadrado perfeito, exibe um cruzamento de linhas, em ângulos retos, na vertical e horizontal, que formam compartimentos assimétricos.
Dos oito compartimentos formados pelas linhas negras, cinco são variações de luz. Nos dois extremos da variação do quadro, um retângulo (em altura) vermelho e outro (em largura) azul. Vermelho (quente), azul (frio) são os registros das variações (brancos quentes e frios) que culminam no retângulo (em altura) amarelo, a zona mais luminosa do quadro. Sem as linhas pretas as cores se tocariam, influenciando umas nas outras. Não deve existir uma relação de força e sim relações métricas proporcionais.




Pieter Cornelis Mondrian (1872-1944), artista plástico, holandês, fundador do "Neoplasticismo", movimento que se organiza em torno da necessidade de clareza, certeza e ordem.  Tem como propósito central encontrar uma nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas e composta a partir de elementos mínimos.


O estilo artístico de Mondrian se caracteriza pelo trabalho com obras abstratas geométricas, principalmente trabalhando com formatos retangulares nas cores primárias: vermelho, azul, branco, preto e amarelo, que Mondrian considerava como as cores elementares do Universo.
A aplicação de suas teorias conduziu Mondrian a realizar obras como Composição em vermelho, amarelo e azul (1921), na qual a pintura, composta unicamente por algumas linhas e blocos de cores bem equilibrados, cria um efeito monumental apesar da escassez de meios, propositalmente limitados, que emprega.


Essa fase de sua obra, a mais popularmente difundida, se caracteriza por pinturas cujas estruturas são definidas por linhas pretas ortogonais (o uso de diagonais induziria a percepção a ver profundidade na tela e motivou o rompimento de sua amizade com Theo Van Doesburg). Essas linhas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com os limites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma cor primária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreita relação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e que definem pesos visuais diferentes para esses espaços. Os blocos de cor, pintados de modo fosco e distribuídos assimetricamente, reforçam a idéia de um movimento
superficial que se estende perpetuamente, indicando que o pintor investia na percepção de sua obra como uma abstração materialista e sem profundidade, criticando a pintura histórica enquanto produzia uma abstração racionalista, espiritualista e sobretudo concreta do mundo.


Sua obra, muitas vezes copiada, continua a inspirar a arte, o design, a moda e a publicidade que a apropriam como design, sem necessariamente levar em conta sua fundamental e filosófica recusa à imagem.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Busto de Nefertiti, de Tutmés

"Busto de Nefertiti", De Tutmês - 1345 a. C.

Descrição da imagem:

O busto de Nefertiti, que tem quase 3.400 anos e mede cerca de 50 centímetros de altura, foi encontrado em estado quase perfeito, somente os lóbulos das orelhas estavam lascados. Trata-se de uma obra inacabada. A prova encontra-se no olho esquerdo da escultura, que não tem a córnea inscrustrada.  Supõe-se que esta teria desprendido quando o busto foi encontrado, mas estudos posteriores revelaram que esta nunca foi colocada (por motivos místicos) para não causar inveja as deusas do Egito. 
O busto de Nefertite foi talhado em várias etapas sobre uma base de pedra calcária coberta por capas de estuque de diferentes espessuras e tem fissuras nos ombros, na zona inferior e na parte traseira da coroa.
A imagem do busto é alongada, o rosto é muito simétrico, com maçãs proeminentes e nariz perfeito. a pele é delicada e morena,  sem marcas de expressão ou rugas, olhos bem  marcados e  delineados com maquiagem escura, boca suave no tom da pele. Na cabeça, aparentemente raspada(hábito comum entre os egípcios antigos) está situada uma coroa azul, símbolo da nobreza. No colo apresenta uma gargantilha, que circunda todo o pescoço, colorida e com motivos gráficos.
Num  contexto geral, a escultura exibe uma expressão de jovialidade e com padrão de beleza equivalente, senão superior, ao das mulheres mais belas da época.


Nefertiti (c. 1380 - 1345 a.C.), mais conhecida como "Rainha do Nilo", foi  uma rainha da XVIII dinastia do Antigo Egito , esposa principal do faraó Amen-hotep IV , mais conhecido  como Akhenaton .
O nome Nefertiti  significa "a mais Bela chegou".

Uma equipe de arqueólogos alemães , liderada por Ludwig Borchardt, descobriu o busto em 1912 , no ateliê de Tutmóses em Amarna , no Egito, e ele foi desde então mantido em diversas localidades da Alemanha .  Atualmente está em exposição no Neues Museum , em Berlim, onde era exibido antes da Segunda Guerra Mundial.

O busto de Nefertiti se tornou um símbolo cultural da capital alemã, bem como do Egito Antigo. Também é tema de uma intensa discussão entre os dois países, em vista da exigência das autoridades egípcias por sua
devolução. Existem também controvérsias envolvendo sua autenticidade.

Até então, as representações conhecidas da rainha, mostravam-na com um crânio alongado, sendo a rainha vista como uma mulher que provavelmente sofria de tuberculose . O busto revelou-se determinante na alteração da percepção da rainha, que muitas mulheres dos anos 30 procurariam imitar em bailes de máscaras.


Curiosidades:

- Ao ser encontrado, o busto foi contrabandeado para fora do país, disfarçado como fragmentos de cerâmica quebrada;
- Nefertiti  foi a mais importante rainha do faraó Amen-Hotep, que governou o Egito de 1353 a 1335 a.C. Durante o reinado, o faraó mudou o próprio nome para Akhenaton - "o que serve a Aton, o Deus-Sol" - e adotou uma nova religião, monoteísta, que enfatilizava a ética;
- Nefertiti recebeu um  elevado status, quase igual ao de seu marido. Alguns estudiosos acreditam que ela era a força por trás da nova religião e que governou como co-regente durante algum tempo. Após a morte de Akhenaton, quase todos os traços dele e de sua poderosa esposa foram apagados, talvez pelos sacerdotes cuja religião os dois rejeitaram.